quarta-feira, 25 de março de 2009

O CONFORTO DE UM FILHO PELO PAI (JEAN MARC BOUJU)


Em 31 de Março de 2003, o fotógrafo francês Jean Marc Bouju, ao serviço da Associated Press, acompanhava a 101.º Brigada Aerotransportada do Exército dos Estados Unidos da América, num campo de concentração improvisado perto da cidade de Najaf, no Iraque.

Nesse dia, um grupo de cerca de trinta prisioneiros foi transferido para o campo e, como tinham sido capturados por outra unidade, desconheciam se eram combatentes ou civis.

Contudo, com o grupo de prisioneiros, vinha também uma criança uma vez que o pai tinha sido capturado com o filho e os soldados optaram por trazer a criança para não a deixar sozinha no deserto.

Ao chegarem ao campo de concentração de Najaf, os soldados norte-americanos procederam da forma habitual, algemando os prisioneiros e enfiando-lhes os capuzes, introduzindo o grupo no interior de um anel de arame farpado.

Foi então que a criança, por certo vendo a sua referência de força e invencibilidade tão assustado e indefeso, entrou em pânico, chorando consulsivamente.

Um soldado norte-americano, animado por um gesto de compaixão, tomou a iniciativa de retirar as algemas ao pai da criança, para que este pudesse abraçá-lo e acalmá-lo.

É esse o momento de vida captado pelo fotógrafo Jean Marc Bouju e que viria a torná-lo o vencedor do World Press Photo de 2003, numa escolha realizada por unanimidade dos membros do júri, entre 24.000 fotos de 124 países.

O gesto de amor e protecção daquele pai, um possível “terrorista iraquiano”, com a cara coberta por um capuz e que não nos revela a sua face, coloca o nosso próprio rosto de pais dentro daquele capuz.

O fotógrafo Jean Marc Bouju diria mais tarde que ouviu “o homem murmurando palavras de consolo em árabe de tal forma que a compaixão do soldado e o amor daquele pai comoveram-me”.

Numa entrevista para a World Press Photo e após a atribuição do prémio, Jean Marc Bouju afirmou que quando captou a imagem, não viu aquela criança em pânico mas sim outra, a sua própria filha de quatro anos de idade: “Não pude deixar de imaginar a minha própria pequenina, a Lauren, que tem a mesma idade do miúdo, nessa situação. Pensei muito nisso antes e depois de tirar a foto. A imagem não nos mostra armas, soldados ou sangue, mas uma verdade da guerra: a de que esta não afecta apenas os soldados que a travam ou os políticos que a ordenam.”

Não sabemos o que aconteceu àquela criança e ao seu pai, ficando apenas a imagem de amor paternal, capaz de inspirar um gesto de compaixão do soldado norte-americano e o carinho de um pai que, mesmo perante uma situação de incerteza pela sua própria vida, reserva para o filho um gesto de ternura.

É o exemplo perfeito do amor incondicional de um pai para com o seu filho.

1 comentário:

Unknown disse...

O choro das crianças Palestianas ou Iraquianas não deve ser muito diferente do choro das crianças Israelitas ou Americanas.
Quem será o verdadeiro terrorista: o que leva as bombas em volta da cintura ou o que lança bombas do céu? Quem será o mais terrorista? O que mata em nome de um Deus ou o que mata em nome de uma forma de vida diferente? Quem é o real terrorista? O que chama "infiéis" às vítimas ou o que lhes chama "danos colaterais"?
Sentado no sofá, olhando para o televisor, de chinelos calçados, nada disto interessa para o comum dos mortais. A novela, o concurso, o futebol, isso sim!...

JD