sábado, 25 de abril de 2009

O HERÓI DAS CAUSAS NOBRES

Salgueiro Maia era capitão na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e foi um dos militares envolvidos no Movimento dos Capitães que viria a culminar no fim do Estado Novo, da censura e da guerra colonial no dia 25 de Abril de 1974.

Teve o poder na ponta dos canhões das viaturas blindadas que comandou para Lisboa e onde teve intervenção directa nos acontecimentos que ocorreram no Terreiro do Paço, na Rua do Arsenal, na Avenida da Ribeira das Naus e, mais tarde, no próprio Largo do Carmo, onde, numa conferência de imprensa improvisada e quando lhe perguntaram que forças tinha do seu lado na revolução, respondeu: “Temos todas as viaturas blindadas do Exército português do nosso lado” … e na sequência da mesma afirmação do tenente Beato, disse ainda “… e temos o Povo”.

Os anos seguintes ao 25 de Abril de 1974 tornaram-no um herói amargurado que não quis fazer parte do Conselho de Revolução, não quis ser ministro nem quis o comando da Escola Prática de Cavalaria.

Apenas quis ser um simples militar que, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, na parada da Escola Prática de Cavalaria, explicou aos cerca de duzentos e quarenta homens que o haveriam de acompanhar até Lisboa que:
“Há diversas modalidades de Estado: os Estados socialistas, os Estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos. De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui.”
Nenhum deles quis ficar.

Apesar de acreditar no que fizera, chegou a admitir mais tarde o exílio, mesmo quando, no próprio dia 25 de Abril, resumiu a um amigo jornalista em breves palavras o que tinha em mente fazer naquele dia e que lhe perguntava de que lado estava o golpe militar, dizendo-lhe: “Não tiveste que ir para o estrangeiro por causa da censura ? Viemos para a rua para que ninguém mais precise de sair de Portugal por causa daquilo que pensa.”

Esta frase resume em poucas palavras o significado do 25 de Abril de 1974.

Salgueiro Maia faleceu em 4 de Abril de 1992, estando sepultado na sua terra natal, em Castelo de Vide.

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